um gatinho frajolinho
Yang, irmão de Yin.
meu gatinho lerdo, lindo, gracioso. não era precisamente meu; minha mãe o adotou, e a casa dela é minha segunda casa. então eu chamava ele de meu gatinho, então era meu.
desde quando meu gatinho Inácio morreu — de forma muito traumática, onde eu quis muito morrer junto — tentei não me apegar muito a mais ninguém. obviamente, não funcionou tanto. me apeguei aos doguinhos do meu amigo no período que moramos juntos, e me apeguei mais profundamente aos gatinhos da minha mãe, a Yin e o Yang.
a morte bate à porta. Yang morreu. com ele, morre uma parte do meu corpo-coração. antes eu tinha Yang, agora não tenho mais. sua vida se vai, sua marca se fica.
Yang foi castrado precocemente pela clínica veterinária que o acolheu e preparou pra adoção. nas últimas semanas, passou a sofrer de uma doença crônica no trato urinário, correlata de castração precoce. encontrar possíveis (ir)responsáveis não alivia a dor. pode aliviar o ego, o senso de justiça, mas a dor continua doendo, talvez pra sempre, mesmo que pra sempre seja muito tempo.
sinto a vida de forma profundamente espiritual, apesar de nunca ter desenvolvido muito a minha espiritualidade. Yang estava sentindo muita dor. sinto a dor de Yang. sinto porque o amei, amo e amarei. se não amasse, não sentiria.
Yang fez sua passagem. vá, mas volte, Yang. seja em forma de planta, bicho ou vento, mas volte..