vá dizer

toshas
2 min readJan 5, 2022

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pedaço de um dos meus mais antigos caderninhos de desenhos e poesias

o quê, tanto, assim, representam as metáforas do amor, o dizer das coisas impossíveis? as coisas desembrulhadas, coisas saindo falando em gerúndio.
escolho dizer assim por algum motivo.
que talvez não saiba e nunca saberei.
lembro que nao estou numa sessão da minha análise. mas estou surt-indo os efeitos junto dela. pq diabos meu coração acelera? pode ser que eu tenha passado alguns dias pensando, desde que me lembro. incrível pensar que a atmosfera— esse album tocando e as situações todas, me faz querer sair a andar desesperadamente.
já que não posso, finjo que estou correndo, ou apenas escrevendo.
é estranho nao sentir tanta vontade de reeditar algumas frases. estranho saber que talvez eu repita a palavra estranho com uma proposta não-subliminar. estranho considerar que o ser humano é único apesar de ordinário. estranho ser filho de alguém, herdar e conjugar sintomas. sempre estranho se sentir absurdamente frágil e estranho. por outro lado, é curioso tentar se fazer viver por meio da palavra. são rarefeitos os momentos de sentir um pouco mais livre, apesar de seguir embebido e intragado pelo que já foi e ainda pode ser. viver apesar da realidade em muitas das suas formas que se nos apresenta. além do impossível de não achar possível a impossibilidade de sempre encontrar o que quer que se venha buscar.
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é assombroso escutar uma melodia e sentir algo que
não consigo nomear, e ainda ver que muitos sentidos, no ato do dizer, aparecem infinitivos e se vestem de verbos abertos com um lindo som de érre soltando o ar.
posso me sentir meio levado a isso, de quando em quando.
poesia, a sua provocação, o meu encabulamento sem fim.
amor e angústia de ser. bem que eu também não queria depender tanto desse mundaréu de palavras e interpretações. se fosse manoel, despalavraria, pra manter o espanto, a vida em dia.

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