sim

toshas
2 min read4 days ago

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sim, levei pra análise

uma grande dificuldade pra mim, que eu poderia dizer, m(eu) sintoma, é gostar demais do verso livre, do abstrato sem porteira da prosa poemada, ao passo que me ocupo das questões de rigor teórico; e como ainda sou um tanto imaturo, troco os pés pelas mãos. sim, isso não é de todo ruim, já que de certa forma, ocorre um temperamento, um pulso que me faz visar uma didática, no sentido da comunicação, do convite aos olhos de quem lê; junto duma poética, que é a minha verdade mais verdadeira do mundo.

desejar é escolher, sacrificar; escolher é ganhar e perder, e a perda é o pior. porém, nesse impasse normalmente neurótico, minha letra poderia ser lida de tantas formas reducionistas, que não vou nem me demorar nesse ponto. digo apenas: substituição, pulsão [de morte], recalcamento etc. mas autorizo vocês, psicanalistas, a simbolizarem a minha resistência à vontade — não sou o monstro que vos fala (Preciado), mas se quiserem, podem me chamar de pobre diabo.

podemos notar incisivamente a limitação inerente à teoria quando ela torce a realidade pra encaixar um conceito. sabemos (supomos) da semiótica, da limitação linguageira, que a palavra mata a coisa (Lacan) etc. diante do exposto, o ponto é: não sinto que seja tão somente questão de conciliação, de aprender-saber-fazer com o sintoma que sou eu — artista analista desviante inconformável — enquanto função em relação com outres. e aqui a palavra sinto é precisa. é um sentir diante da teoria que me comporta, mas não me reduz. isso é claro e evidente. tentando bem-dizer melhor, ainda não sei de nada disso que falei-escrevi aqui. talvez um dia eu descubra, ou invente

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